Comuna
de Paris: revolução inovadora
Há exatos 150 anos começava em Paris
uma revolta de trabalhadores, que defendiam seu direito de se defender ante seu
próprio governo, e o mais importante, de se autogovernar.
Ao
amanhecer do dia 18 de março de 1871 as trabalhadoras parisienses saiam de suas
casas para seus afazeres rotineiros quando se depararam com militares tentando
levar os canhões da Guarda Nacional, uma milícia popular que resistira ao exército
alemão e ao governo dos “rurais”. O alarme foi tocado, as mulheres se puseram a
frente das tropas enquanto os Guardas iam saindo de suas casas. As colinas de
Belleville foram se enchendo com o povo parisiense, os Guardas Nacionais
subiram as colinas colocando as coronhas dos fuzis para cima e pedindo que os
soldados se juntassem a eles. Os soldados se confraternizam com a Guarda aos
gritos de “VIVE LA COMMUNE”
O que inicialmente
era uma insurreição contra o governo traidor e a péssima situação por qual
passavam os trabalhadores parisienses, se transforma em uma revolução social
até hoje aclamada. Durante sua curta duração, apenas 72 dias, o povo parisiense
construiu algo inestimável, um governo popular, um autogoverno. Seu formato
totalmente inovador dissolvia poderes e responsabilidades entre os habitantes
da cidade. A Assembleia Comunal, formada por membros eleitos de todos os XX arromdissements,
juntava os poderes executivo e legislativo, dividiu-se em comissões para cuidar
dos diversos assuntos da cidade. Essas comissões foram ampliadas para os
bairros todas as mairies, fazendo com que as decisões fossem tomadas
coletivamente pela população.
Em todos os
órgãos da Comuma se implantou mandato imperativo, que implicava que os funcionários
prestavam contas a população, e não a seu superior. As hierarquias dos serviços
eram conquistadas por voto coletivo e totalmente revogáveis. Os commnards
criaram em sua insurreição espontânea um novo formato de Estado, adequado as
suas necessidades coletivas, dissolvido por todo o povo. Esse novo formato de
Estado destruía o velho Estado burguês, hierárquico e centralizador.
As
conquistas da Comuna não foram apenas no campo estatal. A educação foi ponto
importante durante a revolução, pensada como laica e pública. O ensino
religioso foi completamente destituído e escolas foram inauguradas. As ações
das mulheres foram cruciais para o andamento da Comuna, não só no 18 de março,
mas por todo o período. Elas fizeram parte dos combates, das instituições de
gestão coletiva, da educação etc. Formaram inclusive um batalhão somente de
mulheres para combater os soldados de Versalhes.
A revolução
foi derrotada militarmente pela máquina de guerra capitalista. E a burguesia
mostrou todo seu ódio pelos trabalhadores, na segunda semana de maio, as tropas
de Versalhes invadiram Paris após um mês de intensos bombardeios a cidade.
Seguiu-se a semana sangrenta, milhares de pessoas foram mortas, fuzilamentos
eram feitos até mesmo com uma metrailleuse devido ao grande número de
executados.
A Comuna de
Paris deixou um imenso aprendizado. Apesar da sua curta duração o povo
parisiense construiu as bases de uma nova sociedade, e demonstrou que a
burguesia jamais aceitará que haja uma mudança pacífica. Os trabalhadores
construíram e defenderam com as próprias mãos a sua tentativa de emancipação,
hoje, 150 anos depois ainda temos o que aprender com os bravos communards.
VIVE LA RÉPUBLIQUE! VIVE LA COMMUNE!