quinta-feira, 6 de setembro de 2018

60 minutos


Ano Estelar 325 da Quarta Era, 15:32 horas, quadrante 12.
           
A velocidade era incrível, a pequena nave rasgava o espaço com seus motores sônicos ao máximo, tudo lá dentro chacoalhava e parecia que iria desmontar, pedaço por pedaço. Mick, o único integrante, estava tenso, o suor lhe escorria pela testa enquanto tentava desviar dos lasers que passavam a sua volta e imaginar uma maneira de escapar daquela situação.
            Logo atrás estava uma nave bem maior, que perseguia e atirava na pequena nave de Mick. Na fuselagem via-se o emblema do governo galáctico e da polícia do quadrante 12. Lá dentro o comandante dava ordens à tripulação para atirar na nave fugitiva, mas não para acertá-la, queriam apenas retardar seu movimento ou inutilizar os motores, a carga levada era muito valiosa e não podia ser destruída.
            Mick era um mercenário, roubava e contrabandeava mercadorias por toda a galáxia, e achava que este seria seu último contrato. Ele nunca teve muita sorte na vida. Nasceu em um planeta sem muitos recursos e sua mãe morreu quando ele tinha apenas 3 anos. Foi vendido como escravo e passou os outros vinte anos de sua vida trabalhando na nave aonde estava agora para o mercenário e traficante de escravos que o comprara. Tudo o que ele conhecia era aquela vida no submundo da galáxia. O único dia que ele considerava ter tido sorte foi quando seu dono morreu e ele ficou livre e com a nave.
            Toda sua vida passava em sua mente enquanto ele fugia da força policial do governo galáctico. Olhando o mapa estelar da área teve uma ideia. Um grande planeta gasoso estava a poucos minutos dali, e logo depois em uma de suas luas, havia uma espaço-porto movimentado onde teria chances de se misturar a multidão.
            Atravessando a densa atmosfera externa do planeta Mick lançou a preciosa carga para poder voltar e buscá-la, e continuou sua fuga. A carga era uma grande caixa retangular negra que ele nem mesmo sabia o que tinha dentro. As nuvens alaranjadas pelos sais de cálcio e enxofre deixavam a atmosfera venenosa, mas foram uma boa camuflagem para esconder sua fuga e a carga. Chegando a lua habitada Mick colocou a nave no piloto automático e se escondeu em um pequeno compartimento de carga secreto. A nave pousou sozinha e logo atrás a polícia. Abordaram a nave e não encontraram nem o piloto nem a carga, mantiveram vigília sobre o veículo e organizaram uma ronda para procurá-lo no porto e na cidade adjunta. Mick, tomando cuidado, conseguiu escapar pelos fundos sem ser visto e achou que estava a salvo.
            O que nenhum deles sabia era que a carga roubada por Mick se tratava de um dispositivo de viagem no tempo, e este entrou em funcionamento devido a agitação da caixa onde estava. No momento em que Mick saía do porto e os policiais faziam uma batida pelas docas a sua procura, uma grande explosão temporal atingiu o lugar. No instante seguinte eles estavam de volta as naves em perseguição sem se lembrar de nada.

Ano estelar 325 da Quarta Era, 15:32 horas, quadrante 12.