Andava através de um terreno tenebroso, tropeçando em algumas pedras pelo caminho, não sabia onde estava, acordara caído no escuro. Não mais que de repente a lua apareceu por detrás de uma densa nuvem e clareou um pouco a noite com sua luz pálida. Com a luz da lua refletida de uma das pedras em seus olhos, enquanto caminhava conseguiu decifrar onde estava. Estremeceu-se. Na pedra ele leu: Aqui jaz Victor Pascow, e quando olhou em volta viu um cemitério que se estendia pela noite sombria.
A noite fria escureceu ainda mais com a lua escondendo-se em uma nuvem, foi quando percebeu que o nome na lapide era o seu. Um arrepio lhe subiu pela espinha, tamanho foi o susto que Victor perdeu as forças; suas pernas falharam e ele caiu sobre seu túmulo. Como poderia estar morto? Sentia frio, percebeu que estava com fome também. Mortos sentem frio? Sua cabeça girava, estava confuso.
Caído no meio do cemitério, Victor olhou mais atentamente sua lápide, faleceu em 13/08/2010. Mas não conseguia lembrar que dia era. Victor decidiu levantar. Ficar ali caído não resolveria nada, pensou que poderia estar sonhando e resolveu encontrar a saída. Andou pelo cemitério por alguns minutos mas a escuridão desorientava-o, não conseguiu chegar a lugar nenhum, andava em círculos. Victor voltou ao ponto de partida, seu túmulo, e como achava que estava sonhando resolveu cavar e ver o que encontraria. A terra estava solta, parecia ter sido mexida há pouco, depois de algum tempo de trabalho chegou a algo mais sólido, um caixão.
Ele não teve coragem de abrir, tinha medo de que realmente estivesse lá dentro. Saiu da cova, talvez não fosse um sonho. De pé, sujo de terra ao lado do buraco olhava para o caixão dentro da cova com seu nome. De repente sentiu tocarem seu ombro. Seu coração disparou no peito, uma mão gelada tocava seu ombro, uma voz rouca o chamou pelo nome. Victor virou-se lentamente. Viu uma criatura bizarra, enorme, com um cabelo grande cobrindo parte de seu rosto disforme. A pouca luz atrapalhava a visão. “Tome cuidado com a luz que vem ate você, o cheiro da morte esta por toda parte”, disse o ser estranho, com uma voz grave e seus olhos enormes brilharam. Victor não pensou duas vezes, saiu correndo por entre as tumbas, tropeçando nas lápides, completamente aterrorizado com aquilo.
Nesse instante um trovão rompe o ar com um imenso estrondo, e o relâmpago clareia todo o cemitério por um instante. Victor pára. Então uma imagem lhe vem à cabeça, aquela figura aterrorizante de quem fugia amedrontado era de alguma forma familiar. Com mais um relâmpago, como um flash, atinge sua mente. Aquele ser de quem corria era Joe Ramone. Victor ficou sem entender nada.
Quando deu por si percebeu que já tinha passado os limites do cemitério e estava no meio de uma rodovia, mas ainda em choque. Outra luz o iluminou, mas dessa vez não era um relâmpago. Um caminhão vinha em sua direção a toda velocidade, piscando os faróis. Com o caminhão a centímetros de seu corpo, Victor acorda pulando de sua cama, desorientado olha em volta, estava em seu quarto.
Sua mãe piscava a luz no interruptor para acordá-lo, e no despertador de seu radio tocava “Pet Sematary”. Fora tudo apenas um pesadelo suspirou aliviado e levantou correndo, estava bem atrasado. Aprontou-se rapidamente e saiu a caminho do trabalho. Durante todo o dia ficou apreensivo, pensando no sonho estranho, mal conseguiu trabalhar, mas nada aconteceu. Os dias foram se passando e Victor se esqueceu do sonho que tivera e, se esqueceu de um detalhe. A sexta feira chegou e Victor não olhou o calendário.
Após o expediente, a caminho do barzinho de sexta onde encontraria os amigos para a merecida cerveja depois de tanto trabalhar, Victor se distraiu com um cartaz; a estréia de um filme. “Sexta feira, 13 de agosto, HOJE”. Victor ficou paralisado. Lembrou-se e, como no sonho, Victor estava no meio da rua. Uma luz o iluminou, um som rompeu o ar. A buzina avisava o inevitável. O caminhão atingiu seu corpo e o arremessou longe, uma poça de sangue formou-se em volta da sua cabeça, mas não havia dor. Victor levantou rapidamente, assustado; as pessoas olhavam em sua direção com olhares aterrorizados; ele não entendeu nada. Ele notava agora que o ar estava estranho, parecia haver uma neblina por toda parte.
Dessas brumas surgiu um ser estranho, a criatura movia-se suavemente por entre as pessoas pela rua, nem parecia dar passos. Um manto negro cobria todo seu corpo, era a morte que chegara! Victor estremeceu, olhou para trás e viu seu corpo todo ensangüentado jogado ao chão. A morte chegou perto e disse num tom solene: eu tentei te dar uma chance, você não me ouviu. Slash!! E sua alma fora ceifada.
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